Oh God, why...
O ano era 1995. Batman Returns fez um enorme sucesso, porém seu tom muito mais sinistro e perturbador refletiu nos lucros do filme. Por causa disso, a Warner tentou dar uma repaginada na série, a tornando mais familiar e mainstream, chamando o diretor Joel Schumacher para a missão. Essas mudanças e a pressão do estúdio mudaram todo clima criado pelos filmes anteriores, o que gerou um desapontamento em massa por parte dos fãs, mas foi um verdadeiro sucesso graças ao público geral, os noobs da vida.
O jogo, entretanto, mostra que ideias mal-executadas arruínam tudo.
Batman Forever para SNES foi lançado em 1995 pelas mãos da Acclaim Entertainment. O jogo, apesar de estar bem próximo da história e ter uma aparência bela e moderna, tem uma jogabilidade horrenda e foi um fail total, assim como muitos jogos feitos a partir dos filmes.
Pois bem, vamos ver uma tortura que nem mesmo o Coringa seria capaz de planejar.
Como você já percebeu, o filme foi baseado na história do terceiro filme, incluindo a aparição de Robin, com até a roupa tosca baseada nos gibis.
Assim como no último filme, Batman enfrentará dois vilões, Duas-Caras e o Charada. Duas-Caras era o promotor Harvey Dent, um dos exemplos de justiça de Gotham, mas sofreu um atentado durante um julgamento, pois um gangster joga ácido e teve metade do rosto desfigurado, além de ter desenvolvido uma desordem psicológica e enlouqueceu. Charada é codinome empregado por Edward Nygma, um "gênio incompreendido" que após ser demitido da Wayne Enterprises, se alia a Duas-Caras e elabora um plano para absorver a inteligência dos cidadãos de Gotham.
Batman, como sempre, deve impedir que eles obtenham sucesso em suas maldades, mas desta vez contará com ajuda. Dick Grayson, um acrobata circense que teve sua família morta por Duas-Caras durante uma apresentação, descobre que Bruce Wayne é Batman e decide se unir a ele em uma busca por vingança, adotando o nome Robin. Uma amizade surge e eles se tornam aquela que seria conhecida como a Dupla Dinâmica.
Tenho que admitir, a parte gráfica do jogo é fantástica, apesar de diversas escolhas ruins.
Os cenários são muito semelhantes a Donkey Kong Country, ou seja, os cenários são pre-renderizados e absurdamente detalhados, mas ao contrário do filme, que possuía um clima mais surreal e colorido, o jogo passava um clima sério e obscuro, bem sinistro na verdade. Eu pessoalmente não entendi essa mudança, mas até que dá certo, a não ser quando o cenário começa a atrapalhar no jogo.
Enquanto você passa pelo cenário, você começa a ver colunas que deveriam dar a sensação de um cenário tridimensional, o que não seria tão ruim se não bloqueasse sua visão. Você pode estar socando um bandido quando, do nada, uma coluna fica na sua frente, interrompendo seu combo e te atrapalhando na hora da pancada.
O jogo usa a mesma tecnologia usada em Mortal Kombat para seus personagens: eles filmava um ator, digitalizava os movimentos e os colocavam no jogo, uma tecnologia de captura de movimentos basicamente. Por mais tosco que possa parecer, é uma tecnologia fantástica, pelo menos na época. Apesar de tudo, a comparação com MK é inevitável, pois a maioria dos movimentos de ataques tanto do Batman quanto dos vilões genéricos são iguaizinhos aos movimentos dos lutadores.
A música segue a tradição dos jogos da franquia e é fantástica. Combinando perfeitamente com o cenário, a música passa um clima perfeitamente sombrio, sério, é muito bem executada. Sei que tenho usado a mesma descrição pras outras trilhas, mas os jogos do Batman possuem um belo histórico de trilhas e, apesar de tudo, Batman Forever segue a tradição.
Apesar de tudo, há um fato curioso: durante os cenários, há uma tela onde aparece escrito "HOLD ON", semelhante a uma tela de loading dos CDs de hoje em dia. Apesar disso não ser necessário na mídia dos cartuchos, é meio engraçado de qualquer forma.
Infelizmente, o nível gráfico não compensa a jogabilidade falha desse jogo.
Batman Forever é um beat-em'-up, você só precisa seguir de um lado pro outro socando e derrotando os bandidos, até chegar aos chefes e usar um pouco de estratégia, tanto como Batman quanto como Robin. Você também pode usar bat-bugigangas clássicas, além de diversos novos itens, dos quais você pode escolher dois antes de cada fase. Infelizmente, não é tão simples quanto parece e isso é culpa dos controles.
Você possui golpes simples e a habilidade de pular, porém os botões principais são apenas para os golpes físicos, você pula apertando o direcional pra cima e isso atrapalha muito. Para usar as bugigangas, você usa comandos semelhantes a combos. Pra usar o gancho, é Select e qualquer direcional , para o Raio de Calor é > < > < A, para as Botas-Foguete é > > X e por aí vai.
Posso até tentar imaginar que eles tenha tentado criar uma nova forma de jogabilidade, mas pra mim não deu certo. Os controles acabaram ficando desnecessariamente complicados, o que não combina com um jogo do estilo, que deve ter jogabilidade simples e ao mesmo satisfatória. Esses combos simplesmente não funcionam com um jogo assim, e pra mim foi um fail total.
Há também duas formas de modo cooperativo. A primeira deles é um modo totalmente cooperativo, Batman e Robin não podem se ferir e eles dividem os pontos e itens. O segundo é mais competitivo, eles podem tirar energia um do outro e não dividem pontos e itens, mas ainda precisam enfrentar os inimigos.
Caso você esteja a fim de socar todo mundo sem querer salvar a cidade, há o Training Mode, onde você pode lutar como Batman, Robin ou qualquer outro personagem do jogo contra outro personagem controlado pelo jogo mesmo ou por outro jogador.
Batman Forever é um jogo ruim. Mesmo que tenha usado a mesma engine de Mortal Kombat, a jogabilidade é muito ruim e complicada demais, o que pode afastar muitos jogadores. Não chega a ser tão vergonhoso quanto ao filme, mas também não o redime de nenhuma forma.
E no próximo artigo, é hora de um pouco de vingança, afinal vilão que é vilão não desiste nunca.
Por hoje é só, bat-pessoal!
Nenhum comentário:
Postar um comentário