segunda-feira, 30 de abril de 2012
Final Fantasy VI
Sem dúvida alguma, Final Fantasy é uma das maiores séries da atualidade. Criada em 1987 como uma última esperança para uma empresa á beira da falência, o primeiro jogo foi um sucesso estrondoso, salvando assim o futuro da Square e se tornando uma das maiores franquias de RPG, ao lado de Dragon Quest.
Mas houve um momento no tempo em que ela deu um novo passo. Decidiu abandonar um pouco a fantasia medieval e alegre e resolveu evoluir, e evoluir em todos os aspectos. Por mais que o jogo mais querido por muitos seja Final Fantasy VII, que foi responsável por dar ao J-RPG (o RPG japônes) grande parte da fama que tem hoje, ela começou a dar os primeiros passos para a grandeza com seu sexto jogo, um dos jogos mais aclamados da história.
Final Fantasy VI (ou III, dependendo do lado do mundo que você mora) foi lançado para o SNES em 1994, pelas mãos da SquareSoft. O jogo, é considerado um melhores da biblioteca do Super Nintendo, além de um dos melhores RPGs da história e um dos melhores jogos de todos os tempos. O jogo foi um marco no gênero como um todo, pois semelhante a EarthBound, apresentava uma ambientação diferente de tudo que havia na época, baseado no cyberpunk, e uma história muito mais séria e madura para a época, usando todo o potencial de contar histórias desse tipo de jogo.
Um mundo novo se aproxima... um mundo coberto por uma sombra de tristeza e tragédia...
Antes de mais nada, um epílogo. Mil anos atrás, três deuses, conhecidos a "Warring Triad" (Trindade Hostil), desceram para o mundo e começaram uma guerra entre eles pelo controle de tudo. Essa batalha como "War of the Magi" (Guerra dos Magos). Para lutar por eles, eles pegaram diversos humanos e animais e transformaram em espers, seres com grande poder mágico. Depois de anos de conflitos, perceberam a destruição que haviam causado e se transformaram em pedra, pedindo aos espers para evitar que seus poderes fossem usados indevidamente. Os espers pegaram as estátuas dos deuses e criaram uma nova dimensão, tanto para se afastar dos humanos quanto para esconder as estátuas dos deuses. O tempo passou e os humanos começaram a esquecer a influência da magia e o mundo passava por uma revolução tecnólogica.
Mas para cortar o barato, o Império Gesthaliano descobriu a passagem para o mundo dos Espers e sequsetrou vários deles. Através de máquinas, o império descobriu uma maneira de extrair o poder mágico dos espers e o fundir em humanos e máquinas, criando a tecnologia conhecida como Magitek. Com esse novo poder, o Império prepara-se para uma guerra contra o resto do mundo com o objetivo da dominação total.
A história começa numa missão especial de soldados do Império, que foram enviados à cidade de Narshe para investigar a suposta descoberta de um esper congelado nas cavernas. Junto com eles, estava uma soldado especial, que supostamente teria derrotado muitos soldados durante o treinamento e seria capaz de usar magia, porém perdeu sua vontade de própria graças a uma coroa que anulava sua capacidade de pensar por si mesma. A missão foi um sucesso e eles encontraram o esper, porém algo deu errado e o esper libertou a jovem desse controle, mas ela perdeu a memória e estava perdida.
Ela foi encontrada pelo "aventureiro" Locke Cole, ela foi levada para a casa de um soldado dos Returners, um grupo rebelde que lutava contra o Império. Com a lembrança de seu nome, Terra, e sendo perseguida tanto pelos soldados imperiais quanto pelas autoridades locais, ela foge com Locke para a sede dos Returners para se unir a eles, mesmo sem fazer ideia do que estava acontecendo. É quando as engrenagens do destino começaram a girar, levando até mesmo ao fim do mundo.
Final Fantasy possui quatorze protagonistas, sendo apenas 2 personagens opcionais. Cada um deles possui uma bela backstory, além de seus próprios motivos para se envolver no conflito. Como há muita história, vou tentar resumir bem curtamente, destacando os três principais e resumir os outros, então não quero receber reclamação de nenhum fã xiita da série ou do jogo.
Terra é, por convenção, a protagonista principal do jogo, filha de um Esper e de uma humana, que foi sequestrada pelo imperador na primeira invasão ao mundo dos Espers. Porém perdeu a memória durante o encontro com o esper de Narshe e só lembrou de tudo depois de descobrir sua origem. Elá é o centro de grande parte do drama do jogo, pois ela ainda não entende seu coração e quer apenas um lugar no mundo. Locke é seu salvador, um aventureiro simpatizante dos Returners, que ajuda Terra a fugir de Narshe. Carrega uma culpa enorme por um acidente no passado e agora não consegue deixar de ajudar mulheres em perigo. E é esse desejo que o faz salvar Celes é uma ex-general do Império que fui infundida com Magitek e que pode absorver mágica, porém foi presa por questionar as políticas imperiais e salva pelos Returners, se unindo a eles. É por causa dela que o grupo consegue a aeronave, e também é a protagonista da segunda parte do jogo, em que ela tenta reunir todos na busca de derrotar Kefka.
Edgar e Sabin são irmãos gêmeos e herdeiros do reino de Figaro, porém Edgar é um gênio da mecânica e é conquistador das mulheres (ou ele acha que é) e Sabin abandonou o reino para seguir seu sonho de ser um monge, tendo se tornado um grande lutador de artes marciais. Cyan é um guerreiro leal do reino de Dome, porém teve sua família, amigos e lordes após uma artimanha de Kefka para conquistar o castelo e parte em busca de vingança. Setzer é um jogador nato e dono da única aeronave do mundo, a Blackjack, que se uniu ao grupo ao ser enganado por Celes e Locke. Shadow é um ninja mercenário que vende seu serviço a ambos os lados até se unir ao grupo de vez. Strago é um mago especialista em magias de monstros e avô de Relm, uma artista com poderes mágicos. Gau é um menino selvagem, que foi criado nos campos e pode usar ataques de monstros. Mog é um moogle de Narshe que tem o poder da dança e que tem voz de comando sobre Umaro, um pé-grande. E Gogo é um misterioso mestre na arte da mímica.
E olha que isso é só um resumo. Todos eles recebem muito mais desenvolvimento durante a história, mas o básico da motivação deles é alguma treta contra o Império, que obviamente é o grupo antagonista da história.
Liderado pelo Imperador Gestahl, que contava com seus três generais Celes, que passou para o outro, Leo, um guerreiro honrado que recusou receber melhoramentos de Magitek para contar com sua própria e que estava envolvido na tomada de Dome, mas queria uma batalha com o mínimo de casualidades possível, ao contrário do que aconteceu, e Kefka, o primeiro humano a receber o poder Magitek ao custo de sua própria sanidade e que foi responsável pelas maiores tragédias do jogo e se tornou o vilão principal. Outro membro importante é Cid del Norte Marquez, inventor do Magitek e de grande parte do arsenal do império.
Mas quero dar destaque a Kefka. Como eu disse, ele é um dos generais do Império e o primeiro humano a ser infundido com tecnologia Magitek. Como o processo não estava bem ajustado, ele perdeu sua sanidade no caminho. No começo, ele parecia ser um alívio cômico com seu jeito bizarro, mas depois que envenenou as nascentes de água de Dome, já começamos a ficar com medo dele. Mas só percebemos suas verdadeiras intenções quando encontramos as estátuas das deusas. Ela trai o imperador, desarranja o equilíbrio das estátuas, ganha poderes divinos e destrói o mundo, seu verdadeiro objetivo. Em suma, ele é o primeiro e único vilão da franquia a conseguir o que queria. Ele só foi derrotado depois que se tornou um deus e subjulgou os sobreviventes da tragédia que causou, que até recebeu o nome de Apocalipse.
Final Fantasy hoje é considerada uma série que leva os gráficos dos consoles até o limite, e muitos de seus jogos atuais recebem bons comentários nesses aspetos. Sem dúvida alguma, foi FF VI que começou essa tradição.
Dá pra se perceber muito esforço em cada detalhe de VI. Tudo foi feito de forma que aproveitasse o potencial do SNES da melhor maneira possível. O mundo é vasto, os cenários são bem detalhados, os personagens são únicos e cada música da trilha sonora é épica e marcante. Mas vamos por parte, se não vou acabar me perdendo.
Imagino que muitos conheçam o gênero Steampunk. Basicamente, é um subgênero de ficção científica, cujas obras se passam no passado da história humana ou em um universo semelhante a isso, no qual certas descobertas e inovações tecnológicas ocorreram mais cedo do que na história real, mas foram obtidos com meios existentes na época.
Por causa dessa influência Steampunk, o mundo de VI não é tão colorido e alegre quanto os outros jogos, tendo uma ambientação mais escura e triste que seus antecessores. A vida é muito mais que salvar a princesa e derrotar o mal, e o jogo te lembra isso. As cidades são bem "urbanas", lembrando aquelas antigas casas europeias, mas o mundo ainda é medieval, assim como a maioria do RPGs, o que gera um contraste ainda maior.
O jogo usa o Mode 7 no world map, dando uma visão tridimensional ao mapa e aumentando levemente o realismo. Os efeitos se mantém impressionantes até mesmo quando nos movimentamos com a aeronave, sem perder nada da qualidade. Os cenários de batalha também são artes incríveis, apesar de não usarem o Mode 7. Mesmo assim, eles são muito detalhados, ainda mais do que nos jogos anteriores.
Os sprites dos personagens são bem detalhados e capazes de demonstrar as emoções dos personagens de forma bem convincentes. Cada personagem é bem distinto um do outro, e eles realmente lembram os desenhos originais de Yoshitaka Amano, designer dos personagens e monstros oficial da série, pelo menos até essa edição, apenas com leves mudanças como a cor do cabelo de Terra. Os monstros também possuem artes impressionantes, como já esperado do sr. Amano.
Em relação à música do jogo... não tenho nem palavras pra descrever. Ela expressa perfeitamente o clima melancólico e triste do jogo, sem deixar passar a alegria de certos momentos. Claro que ela não vai te fazer chorar, mas posso dizer que você vai procurar ela sem pestanejar. Eu a baixei e a escuto sempre que posso. Ela é tão foda que o compositor dela, Nobuo Uematsu, a considera um fim em um estágio, afirmando que sentiu uma enorme satisfação com o projeto, podendo se aposentar sem arrependimentos. Ele também considera a trilha do jogo seu trabalho mais desafiador. Ela é aclamada como uma das melhores trilhas já criadas para um jogo, recebendo rearranjos tanto de artistas quanto de fãs até hoje.
Eu considero a jogabilidade de FF VI como o estágio final da transformação da jogabilidade da série durante a era SNES, mantendo a forma clássica consagrada enquanto introduzindo novas e interessantes mecânicas, que foram adaptadas para os jogos seguintes.
Antes de mais nada, a progressão. O jogo se divide em duas metades, antes e depois do Apocalipse. Antes, a história corre linearmente, enquanto que depois, o jogo se torna semelhante a um sandbox, onde ele pode recrutar novamente quantos personagens ele quiser e até cumprir todas a sidequests, que são muitas. FF VI é um dos primeiros jogos a oferecer tamanha liberdade.
As batalhas são por turnos e o sistema usado é o ATB ou Active Time Battle. O ATB é um sistema de estratégia baseado no tempo criado para Final Fantasy IV e foi usado até o IX. Seu funcionamento é simples: os personagens não agem imediatamente, mas sim quando um medidor, o ATB Gauge está cheio, e quando o personagem executa a ação, ele esvazia e deve-se esperar encher de novo. A velocidade do ATB Gauge varia de acordo com os status dos personagens e com a velocidade que você mesmo escolheu. Há dois modos de ATB, o Active e o Wait. A diferença entre os dois é que, no modo Wait, o tempo para enquanto você escolhe um comando e no Active, não. Mudanças nas posições dos personagens e na forma de como a batalha vai começar também podem alterar o comportamento do ATB Gauge. Esse sistema garante uma boa dose de estratégia ao jogo.
Durante a batalha, você pode atacar, usar itens, magias e tentar fugir. Cada personagem também tinha seu comando pessoal, que era uma referência às suas habilidades únicas, em referência ao Job System. Terra pode se transformar na sua forma de esper, Locke pode roubar itens, Celes pode absorver magias, Cyan possui técnicas de espada, Edgar usa ferramentas, Sabin pode usar ataques de artes marciais, Shadow pode atirar itens, Setzer pode usar diversos ataques dependendo do resultado do caça-níqueis, Strago pode usar magias de monstros, Relm desenha cópias de monstros e as usa contra eles, Gau pode incorporar monstros e Mog pode usar danças especiais. Gogo pode apenas imitar tudo isso e não há controle sobre Umaro.
Lembrando que Gau pode incorporar monstros que ele encontra no Veldt. Veldt, no caso, é o campo onde Gau cresceu e, de acordo com moradores das vizinhanças, está na rota de migrações de muitas bestas. Por causa disso, você pode encontrar todos os inimigos do jogo aqui, até mesmo chefes. E usando uma habilidade única de Gau, ele pode aprender o modo de luta desses monstros, podendo usar os mesmos ataques que eles e até ter o mesmo status. Porém, não há mais controle sobre ele, pois essa incorporação dura até o fim da luta, ou sua morte.
Há também dois aspectos da mecânica que merecem o maior destaque, as Relics e os Espers.
Relics são itens especiais que, quando equipados em um personagem, pode dar a ele imunidade à certos status, modificar suas próprias habilidades e estender seus poderes e estatísticas. Cada personagem pode equipar duas Relics, sendo que algumas podem ser equipadas por certos personagens, o que justamente modifica suas habilidades, as deixando mais fortes. Locke pode roubar e atacar o adversário, enquanto Relm pode controlar monstros ao invés de só desenhar, ou estão somente ligadas às suas histórias.
Espers são os summons desse jogo. Como eu disse, eles são uma raça criada pela Triad para lutar na guerra, porém se isolaram em outra dimensão. Entretanto, vários deles são levados pelo Império e estudados, o que serviu para a base do Magitek. Porém descobriu-se que a verdadeira forma de se possuir o poder do esper é depois que ele morre. Quando espers falecem, eles se tornam Magicites, cristais que guardam as almas desses espers. Através das Magicites, os personagens podem aprender as magias do jogo, que possuem velocidades variadas de aprendizado. Eles também dão bônus em certas estatísticas quando o personagem sobe um nível e permitem que o respectivo esper seja invocado uma vez por batalha.
Final Fantasy VI é um clássico, sem dúvida. Uma verdadeira obra de arte eletrônica. Muitos podem achar exagero o tanto de elogios que este jogo recebe, mas acreditem, isso nem é o suficiente. Eu recomendo ele sem nenhuma dúvida, e você não pode se considerar um gamer sem ter ao menos experimentado esse jogo. Se bem que, se você experimentar, não vai querer mais largar.
E pra encerrar esse grandioso mês, uma aventura pelo tempo-espaço. Um jogo considerado por muitos o maior jogo já criado. Uma obra-prima resultante da colaboração de duas rivais. Sim, meu caro, é exatamente esse jogo que você está pensando.
Por hoje é só, pessoal!
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