Nesse penúltimo texto do blog, decidi falar exatamente como comecei no mundo do jogos, já que este jogo tem tudo a ver com isso. Não sei se já comentei aqui no blog, em partes ou por completo, já que não lembro de todos os textos, mas aqui está o primeiro capítulo dessa história.
Meu primeiro contato com videogames foi o Mega Joy, um joystick com os jogos mais mixurucas do NES embutido, mas que foi um baita presente nos meus 6, 7 anos. Eu o ganhei quando estava no Rio, mas dei pra um primo quando mudei pra Inhapim, MG. Lá, meu avô adquiriu um computador, mas o deixou em seu sítio na roça, onde a internet jamais chegaria antes da banda larga sem muito dinheiro envolvido, mas instalado nele havia um emulador/compilado do Mega Drive, e foi aí que entrei nesse mundo de vez e por completo. E foi nesse momento que entrei em contato com esse jogo, o que acabou plantando a semente do RPG no meu coração, apesar de nem saber o que era isso, na época.
Shining Force II foi um RPG tático desenvolvido pela Camelot (que na época se chamada Sonic! e andava juntinho da Sega antes de pular no barco da Nintendo) e publicado pela Sega em 1993, o ano em que nasci. O jogo faz parte da série Shining, uma série de RPGs de vários tipos e com várias cronologias que tentou rivalizar com Final Fantasy, como várias séries da época. É um queridinho dos fãs do gênero, apesar de ter sido bem maltratado pelo orçamento e pela tradução para o inglês. Um remake para o GBA teria sido um ótimo investimento.
Mas será que ele passou da regra dos 15 anos?
Era mais um dia comum no reino de Granseal, até que um ladrão se meteu aonde não devia ao roubar duas jóias mágicas que mantinham um dos malignos três Reis Demônios, Zeon, selado no Templo dos Antigos. O selo se rompe e o ser do mal se liberta, pronto pra atacar a humanidade. No dia seguinte, o rei Granseal fica doente ao ser atacado por uma criatura misteriosa, e sor Astral, conselheiro real, é encarregado de investigar a situação.
Você assume o papel de Bowie, o escudeiro, aprendiz de Astral e espadachim de bom coração. Junto com seu mentor e amigos Sarah, Chester e Jaha, eles vão até o templo e descobrem o que aconteceu. A partir daí, tudo começa a fugir do controle. O jogo possui uma história bem recheadinha e não quero estragar demais caso você tenha curiosidade em jogar.
O que posso te garantir é que você vai encontrar muitos seres no caminho, como Slade, o rato ladrão que começou todo esse problema, Kazin, o invocador magricela que se revela bem poderoso, Rohde, o marinheiro historiador, Peter, a fênix com poderes sônicos, Kiwi, a tartaruginha (??) que pode virar um monstro gigante (?????), além de vários arqueiros, centauros e porradeiros, arquétipos clássicos da fantasia.
(Tanto o nome do herói quanto da tartaruga podem ser definidos pelo jogador.)
Como o portador das jóias no meio dessa bagunça toda, cabe a Bowie recrutar o máximo de aliados possível, entender qual é o rolê dessas coisas e selar Zeon mais uma vez. Uma aventura simples, mas com um elenco extenso, com momentos bem dramáticos, apesar do orçamento baixo. Infelizmente, descobriu-se vários erros na tradução, que acabam causando problemas de continuidade com outros jogos.
Olhando pra trás, não lembro com certeza do quanto eu entendia da história. Tive contato com o inglês bem cedo por ter estudado em uma escola particular na infância, mas também não era tão fluente assim. Possivelmente usei um dicionário para traduzir, mas a lembrança está vagando pelas areias do tempo e pode não mais voltar...
SF2 (siglas pra jogos são necessárias, desculpem) é um dos jogos mais bonitinhos que já vi pro Mega Drive. Felizmente para os fãs, quando se trata de RPGs, sempre tentam extrair o máximo de poder de um console, e só não é o caso aqui, devido ao baixo orçamento, mas ainda sim houve um esforço e valeu a pena.
Por ser uma fantasia medieval simples, o jogo infelizmente possui uma aparência genérica, apesar de não muito limitada. O cenário é explorável, mas não é muito expandido, já que as cidades são pequenas, mas os campos e calabouços são mais feitos para a batalha. Os sprites dos personagens são os bonequinhos que estamos acostumados a ver na era 16-bit, assim como os monstros possuem sprites genéricos e muitos são apenas recolorações dos outros.
Na hora da batalha, a coisa muda de figura. Os únicos momentos de animação real são durante os embates, onde os personagens e monstros aparecem de corpo inteiro para se enfrentar. As animações são simples e os desenhos dos personagens e rostos tem uma vibe muito mais ocidental do que outros jogos. Entretanto, apesar de usarem as mesmas magias, as animações podem ter algumas diferenças se o mago é um herói ou um vilão e achei ótimo.
A música é ótima e dá pra perceber que ela realmente está forçando os processadores de áudio do Mega Drive ao máximo para garantir aquela execução impecável, mas devo concordar com algumas críticas de que ela não combina bem com o momento às vezes, mas acho que é mais pelas limitações mesmo.
Curiosamente, passei a maior parte da minha vida sem conhecer a música desse jogo, e de muitos outros. Por algum motivo, o som dos jogos não saía de jeito nenhum, então apesar de ter jogado clássicos como Sonic, Pulse Man, Ristar e Rock n'Roll Racing cedo, só consegui acesso a essas trilhas icônicas com o acesso a internet e a emuladores.
A aparência não me causou nenhuma reação na época, o que me deixou viciado nesse jogo foi sua jogabilidade, plantando em mim o amor pelos jogos de estratégia.
SF2 é um RPG tático, muito mais focado em estratégia do que tempo ou movimento. Ao invés dos elementos de combates habituais, a ação do jogo rola em uma estrutura de tabuleiro, com os personagens sendo peças, e você controla os heróis enquanto o jogo controla os monstros. Não há encontros aleatórios, as lutas são programadas e todos os envolvidos aparecem de cara e podem ser acompanhados a todo momento.
Cada personagem se movimenta por uma determinada área, que é como se fosse um conjunto de quadradinhos, como um tabuleiro mesmo. Alguns tem maior espaço de movimentação de acordo com habilidades passivas: seres voadores cobrem uma área muito maior, já que não são limitados pela terra, enquanto os personagens mais porradeiros tendem a cobrirem uma área menor pela sua falta de agilidade. Considerar o cenário é importante, já que você pode avançar bastante com um personagem que voa, mas deixá-lo isolado dos outros pode acabar em tragédia.
No geral, você anda pelo cenário se posicionando da forma que achar melhor até o conflito começar, que é quando heróis e monstros se encontram. Depois de escolhida a ação, a tela muda para uma animação de um personagem atacando o outro ou a magia sendo lançada. Personagens com armas de projétil ou lanças possuem maior alcance de ataque, e magias também podem ser lançadas a longa distância, ganhando cada vez mais poder e alcance a medida que evoluem também.
Cada herói que você recruta tem uma classe, que determina seu estilo de ação, equipamento usado e área de movimentação. Alguns personagens podem melhorar suas habilidades usando um item especial para mudar de classe, podendo evoluir de até duas maneiras diferentes. Entretanto, esses itens especiais são limitadíssimos, então é melhor pensar com cuidado em quem usar.
Você não precisa mais se preocupar em apertar o botão certo ou escolher um comando rápido, mas as batalhas vão ficando consideravelmente mais difíceis à medida que o jogo avança, com os heróis parecendo bem fracos diante dos inimigos mais evoluídos. Infelizmente, algumas das batalhas se arrastam mais do que deveria, mas nada que um podcast pra ouvir durante o jogo não resolva.
Shining Force II é um jogo simples. Simples, eficiente e simpático pros iniciantes, mas desafiador a medida que se progride. Talvez tenha sido por isso que a semente que ele plantou em mim tenha florescido também. Shining Force II não foi o primeiro jogo que joguei, mas sempre era o que eu queria jogar quando era minha vez no computador. As lembranças que esse jogo me desperta são insubstituíveis e posso dizer com tranquilidade que esse jogo me influenciou mais do que eu mesmo pensava. Não sei se ele envelheceu tão bem pra outras pessoas, mas também recomendo esse jogo com todo meu coração.
E semana que vem é o último. Sim, o último artigo que farei para o blog do Retronista. Vou deixar as mensagens de despedida para esse texto, que será sobre o meu jogo favorito, aquele que recomendo sem piscar, que mora no meu coração independente dos defeitos e das limitações. Nada como encerrar esse capítulo incrível da minha vida com o único texto do blog para um jogo além dos 16 bits: Suikoden II.
Por hoje é só, pessoal!
Mas será que ele passou da regra dos 15 anos?
Era mais um dia comum no reino de Granseal, até que um ladrão se meteu aonde não devia ao roubar duas jóias mágicas que mantinham um dos malignos três Reis Demônios, Zeon, selado no Templo dos Antigos. O selo se rompe e o ser do mal se liberta, pronto pra atacar a humanidade. No dia seguinte, o rei Granseal fica doente ao ser atacado por uma criatura misteriosa, e sor Astral, conselheiro real, é encarregado de investigar a situação.
Você assume o papel de Bowie, o escudeiro, aprendiz de Astral e espadachim de bom coração. Junto com seu mentor e amigos Sarah, Chester e Jaha, eles vão até o templo e descobrem o que aconteceu. A partir daí, tudo começa a fugir do controle. O jogo possui uma história bem recheadinha e não quero estragar demais caso você tenha curiosidade em jogar.
O que posso te garantir é que você vai encontrar muitos seres no caminho, como Slade, o rato ladrão que começou todo esse problema, Kazin, o invocador magricela que se revela bem poderoso, Rohde, o marinheiro historiador, Peter, a fênix com poderes sônicos, Kiwi, a tartaruginha (??) que pode virar um monstro gigante (?????), além de vários arqueiros, centauros e porradeiros, arquétipos clássicos da fantasia.
(Tanto o nome do herói quanto da tartaruga podem ser definidos pelo jogador.)
Como o portador das jóias no meio dessa bagunça toda, cabe a Bowie recrutar o máximo de aliados possível, entender qual é o rolê dessas coisas e selar Zeon mais uma vez. Uma aventura simples, mas com um elenco extenso, com momentos bem dramáticos, apesar do orçamento baixo. Infelizmente, descobriu-se vários erros na tradução, que acabam causando problemas de continuidade com outros jogos.
Olhando pra trás, não lembro com certeza do quanto eu entendia da história. Tive contato com o inglês bem cedo por ter estudado em uma escola particular na infância, mas também não era tão fluente assim. Possivelmente usei um dicionário para traduzir, mas a lembrança está vagando pelas areias do tempo e pode não mais voltar...
SF2 (siglas pra jogos são necessárias, desculpem) é um dos jogos mais bonitinhos que já vi pro Mega Drive. Felizmente para os fãs, quando se trata de RPGs, sempre tentam extrair o máximo de poder de um console, e só não é o caso aqui, devido ao baixo orçamento, mas ainda sim houve um esforço e valeu a pena.
Por ser uma fantasia medieval simples, o jogo infelizmente possui uma aparência genérica, apesar de não muito limitada. O cenário é explorável, mas não é muito expandido, já que as cidades são pequenas, mas os campos e calabouços são mais feitos para a batalha. Os sprites dos personagens são os bonequinhos que estamos acostumados a ver na era 16-bit, assim como os monstros possuem sprites genéricos e muitos são apenas recolorações dos outros.
Na hora da batalha, a coisa muda de figura. Os únicos momentos de animação real são durante os embates, onde os personagens e monstros aparecem de corpo inteiro para se enfrentar. As animações são simples e os desenhos dos personagens e rostos tem uma vibe muito mais ocidental do que outros jogos. Entretanto, apesar de usarem as mesmas magias, as animações podem ter algumas diferenças se o mago é um herói ou um vilão e achei ótimo.
A música é ótima e dá pra perceber que ela realmente está forçando os processadores de áudio do Mega Drive ao máximo para garantir aquela execução impecável, mas devo concordar com algumas críticas de que ela não combina bem com o momento às vezes, mas acho que é mais pelas limitações mesmo.
Curiosamente, passei a maior parte da minha vida sem conhecer a música desse jogo, e de muitos outros. Por algum motivo, o som dos jogos não saía de jeito nenhum, então apesar de ter jogado clássicos como Sonic, Pulse Man, Ristar e Rock n'Roll Racing cedo, só consegui acesso a essas trilhas icônicas com o acesso a internet e a emuladores.
A aparência não me causou nenhuma reação na época, o que me deixou viciado nesse jogo foi sua jogabilidade, plantando em mim o amor pelos jogos de estratégia.
SF2 é um RPG tático, muito mais focado em estratégia do que tempo ou movimento. Ao invés dos elementos de combates habituais, a ação do jogo rola em uma estrutura de tabuleiro, com os personagens sendo peças, e você controla os heróis enquanto o jogo controla os monstros. Não há encontros aleatórios, as lutas são programadas e todos os envolvidos aparecem de cara e podem ser acompanhados a todo momento.
Cada personagem se movimenta por uma determinada área, que é como se fosse um conjunto de quadradinhos, como um tabuleiro mesmo. Alguns tem maior espaço de movimentação de acordo com habilidades passivas: seres voadores cobrem uma área muito maior, já que não são limitados pela terra, enquanto os personagens mais porradeiros tendem a cobrirem uma área menor pela sua falta de agilidade. Considerar o cenário é importante, já que você pode avançar bastante com um personagem que voa, mas deixá-lo isolado dos outros pode acabar em tragédia.
No geral, você anda pelo cenário se posicionando da forma que achar melhor até o conflito começar, que é quando heróis e monstros se encontram. Depois de escolhida a ação, a tela muda para uma animação de um personagem atacando o outro ou a magia sendo lançada. Personagens com armas de projétil ou lanças possuem maior alcance de ataque, e magias também podem ser lançadas a longa distância, ganhando cada vez mais poder e alcance a medida que evoluem também.
Cada herói que você recruta tem uma classe, que determina seu estilo de ação, equipamento usado e área de movimentação. Alguns personagens podem melhorar suas habilidades usando um item especial para mudar de classe, podendo evoluir de até duas maneiras diferentes. Entretanto, esses itens especiais são limitadíssimos, então é melhor pensar com cuidado em quem usar.
Você não precisa mais se preocupar em apertar o botão certo ou escolher um comando rápido, mas as batalhas vão ficando consideravelmente mais difíceis à medida que o jogo avança, com os heróis parecendo bem fracos diante dos inimigos mais evoluídos. Infelizmente, algumas das batalhas se arrastam mais do que deveria, mas nada que um podcast pra ouvir durante o jogo não resolva.
Shining Force II é um jogo simples. Simples, eficiente e simpático pros iniciantes, mas desafiador a medida que se progride. Talvez tenha sido por isso que a semente que ele plantou em mim tenha florescido também. Shining Force II não foi o primeiro jogo que joguei, mas sempre era o que eu queria jogar quando era minha vez no computador. As lembranças que esse jogo me desperta são insubstituíveis e posso dizer com tranquilidade que esse jogo me influenciou mais do que eu mesmo pensava. Não sei se ele envelheceu tão bem pra outras pessoas, mas também recomendo esse jogo com todo meu coração.
E semana que vem é o último. Sim, o último artigo que farei para o blog do Retronista. Vou deixar as mensagens de despedida para esse texto, que será sobre o meu jogo favorito, aquele que recomendo sem piscar, que mora no meu coração independente dos defeitos e das limitações. Nada como encerrar esse capítulo incrível da minha vida com o único texto do blog para um jogo além dos 16 bits: Suikoden II.
Por hoje é só, pessoal!
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