quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Mega Man X


Umas das pouquíssimas constantes da vida é mudança.

Nada continua o mesmo pra sempre. Todos nós, em algum ponto da vida, precisamos nos refazer, nos adaptar a novas situações, pois nunca sabemos o que nos espera nos dias que virão. E isso vale pra jogos também, afinal você precisa manter o interesse dos jogadores constante, já que ninguém gosta de mesmice. E hoje falaremos de uma mudança que foi pra melhor.

Desde que surgiu em 1987, a série Mega Man foi um dos maiores sucessos da Capcom. Apesar da dificuldade horrenda, um monte de gente passou horas zerando cada fase, descobrindo a fraqueza de cada chefe e, quando lembravam, curtiam as reviravoltas da trama. Mas após passar muito tempo no NES, estava na hora de ir pra próxima geração. E a equipe queria ir já arregaçando, botando pra quebrar. Então eles literalmente foram pro próximo nível.

Mega Man X foi lançado pela Capcom em 1994 para o SNES. Uma mistura de spin-off com continuação, o jogo conservaria a jogabilidade não-linear da série, porém com muito mais trama e novas habilidades para o novo protagonista. E após algum tempo, seria a principal série do Blue Bomber nos consoles, apesar de produzir novos spin-offs/continuações.

O futuro já chegou. E continua cheio de tretas.


O jogo se passa no ano de 21XX, um século depois dos acontecimentos da série original. Antes que a ação comece, um prólogo: o arqueólogo Dr. Cain, durante uma de suas escavações, acha as ruínas dos laboratórios do lendário roboticista Thomas Light, e no meio delas, uma cápsula contendo X, o primeiro numa série de robôs com a capacidade de sentir e tomar decisões por eles próprios, mas ele estava nessa cápsula para garantir que ele não seria uma ameaça aos humanos. Dr. Light, já consciente de que ele mesmo não estaria vivo pra ver as maravilhas que ele poderia fazer caso fosse seguro, deixou uma mensagem de esperança para aquele que encontrasse sua obra-prima.

Cain usa essa tecnologia para criar Reploids, robôs com o mesmo potencial de X, apesar de nunca ter replicado as ideias com precisão. Tudo parecia finalmente estar dando certo, mas por motivos misteriosos, os Reploids começaram a apresentar comportamento psicótico e a atacar a humanos e semelhantes. Os Reploids que enlouqueciam eram denominados Mavericks e logo se formou uma força-tarefa para combater esses eventos, os Maverick Hunters.

O jogo em si começa basicamente como a rebelião do líder dos Maverick Hunters, Sigma, que acaba se tornando um Maverick e logo chama outros Hunters e Reploids para sua causa: a extinção da humanidade. Você assume a função de perseguir e, se necessário, eliminar os traidores.

A história da série X se tornou mais popular do que a série normal, justamente por esse drama, que foi incrivelmente expandido nas séries, até mesmo com conexões no passado, com os envolvimentos de Light e de Wily, arquinimigo do Mega Man original. Isso leva muitos a acreditarem que o X é o original, mas com upgrades, mas aparentemente, ele é apenas o sucessor do Blue Bomber.


A série clássica conquistou a muitos com seu visual futurista porém... fofo, eu diria, cativante e simples, graças ao trabalho do ilustrador e co-criador Keiji Inafune. Porém, para a nova série (e o novo console, mais poderoso), ele decidiu ir para o próximo nível.

Como o Mega Man é basicamente uma criança, X é uma versão adolescente dele, com uma armadura melhor desenhada e detalhada, com direito a cristal na testa a lá Visão, Zero é uma versão mais estilosa e ainda mais anti-herói do Proto Man. Todos os Maverick, assim como os Robot Masters, tem sua própria habilidade especial, porém são baseados em animais ao invés de serem homenzinhos e Sigma e seus asceclas principais já tem um design único.

As fases lembram bastante os cenários antigos, principalmente por estarem tão ligados a seus respectivos chefes, porém são um pouco mais caídos. Apesar deles se passarem no futuro, pra mim, pareceu que o ataque dos Mavericks foi bem mais pesado do que os dos Robot Masters. 200X é bem mais ensolarado que 21XX, o que provavelmente pode ser explicado pelo tom da trama, já que a série original era bem mais infantil, enquanto X foi criado pra ser o próximo nível da trama.

A trilha sonora que simplesmente arregaça. Ela foi composta pelo grupo Alph Lyla, uma banda da própria Capcom que compôs trilhas pra diversos jogos da empresa, como Final Fight, Captain Commando e Street Fighter. Alguns dos membros mais famosos dela foram Yoko Shimamura (Live a Live, Kingdom Hearts), Yasuaki Fujita (Breath of Fire) e Setsuo Yamamoto, compositor de longa data da companhia e principal responsável pela pegada rock da trilha.

Agora preparem seus busters, é hora de caçar robôs maníacos.


A jogabilidade aqui não é muito diferente de seus predecessores, mas ela foi bastante refinada.

Megaman X é um jogo de plataforma, movimentação da esquerda pra direita, você já sabe como é o esquema. Armado com seu X-Buster, você progride pelas fases matando todos os roboôzinhos do mal que encontra. No final de cada fase, você encontra um Maverick (são 8, assim como os anteriores) e ao derrotá-lo, você ganha os poderes dele, lhe dando uma nova forma.

Mas assim como toda boa tapioca, o recheio é mais caprichado do que parece.

Concluir uma fase acaba influencia a outra. Por exemplo, se você completa a fase o Chill Penguin, os poços de magma da fase do Flame Mammoth são congelados, o que torna a fase bem mais fácil. Isso tem muito a ver com o fato da arma do Chill Penguin ser o ponto fraco do Flame Mammoth. Assim como os Robot Masters, as armas que você ganha de um Maverick afetam com mais intensidade outro inimigo.

Além de deslizar, X também pode escalar muros e ir deslizando por eles. Isso certamente ajuda nas horas de aperto, já que sempre tem aquele pulo que você não consegue fazer direito. Dessa vez, você não vai morrer tantas vezes. Também tem as Ride Armors, máquinas bípedes com grande capacidade de pulo e força nos socos que podem lhe ajudar nos trechos mais cabeludos.

Mas acho que o grande adicional desse jogo é a armadura, chamada pelos fãs de First Armor ou Light Armor. Na história do jogo, Dr. Light escondeu várias cápsulas pelo mundo com melhorias para o X caso ele se revelasse uma força do bem (não tente pensar demais nesse plano). Existem quatro partes: pernas, armadura, capacete e X-Buster. A parte das pernas você encontra obrigatoriamente, as outras três estão escondidas pelas fases. Com elas, você pode deslizar mais, tomar menos danos, dar cabeçadas em pedra e carregar mais energia para seu tiro, não apenas no canhão normal, mas nas armas especiais também. Existe uma peça extra, acessível através de um macete, que lhe permite lançar um hadouken como o Ryu. Recomendo que procurem como pegá-la. Mesmo.

E caso ser um robô super-equipado não seja o bastante pra você, você também pode ficar de olho nos Heart Tanks, peças especiais no formato de coração que estendem sua barra de vida. Você também pode procurar pelos Sub Tanks, reservatórios de energia que você pode usar pra recarregar sua barra de HP caso ela esteja baixa. Quando você pega um item com sua barra de vida cheia, essa energia extra vai pro Sub Tank, podendo ser usado depois.


Pra variar, sumi de novo. Nem sei se devo pedir desculpas, já que realmente nem sei se pessoas reais leem esse blog.

Apesar de ter esquecido de postar esse texto quando o terminei, em 2016, o encerramento dele ainda é muito válido. Muita coisa mudou na minha vida naquele ano e nos anos que se seguiram. Sou literalmente outra pessoa desde que comecei esse blog, lá pros idos de 2011. Estou em outra faculdade, com outras aspirações, outras ideias, outro jeito de ser. Tudo mudou, pra falar a verdade. E, pro melhor ou pro pior, mudança é inevitável.

Assim como a morte, a mudança é uma constante. 2016 foi um ano de muitas transformações pra mim e pra todos nós. Várias celebridades fodas morreram esse ano, nosso país sofreu um golpe de estado, a crise veio com tudo, um maníaco racista se tornou presidente da maior potência do mundo... são tempos difíceis para os sonhadores.

Hoje, em 2018, as coisas se tornaram mais loucas ainda, com um maluco racista também se tornando presidente do Brasil, representativo de muitas pessoas que se deixam dominar pelo ódio e preconceito, buscando um mundo justo e correto que, no fim das contas, não só nunca existiu, mas também não é justo nem correto.

Mas a esperança é a última que morre. Agora não apenas espero que as coisas melhorem, mas luto pra que elas mudem, ao lado das pessoas que amo e admiro. Estamos num momento crucial, em que a raiva, o medo e o preconceito estão mais evidentes e destacados do que nunca. Mas a revolução não se faz sozinho, e se ninguém soltar a mão de ninguém, talvez possamos colocar as coisas de volta nos trilhos.

Não prometo mais fazer postagens regulares, mas ainda tenho alguns jogos que quero falar antes de decidir fazer alguma coisa de definitivo com esse blog. Até lá, fiquem ligados.

Feliz 2019! E por hoje é só, pessoal!

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