sábado, 18 de abril de 2015

Zombies Ate My Neighbors


De uns tempos pra cá, eu tenho ganhado um certo apreço por filmes B.

Sabem, aqueles filmes tão ruins que são bons por causa disso? Filmes como os da Troma, da Asylum, aqueles sci-fi de ficção científica esdrúxulos dos anos 50 e 60... sempre que posso, pego algum filme desses pra ver e me divertir, passar o tempo. Claro que ainda tenho muito o que explorar nesse lado mais obscuro do cinema, mas estou afinando meu gosto com esses clássicos.

O que me leva a bater palmas pro pessoal da LucasArts por ter feito maratonas sinistras desses filmes pros seus produtores, por que só assim eles poderiam fazer jogo assim.

Zombies Ate My Neighbors é um jogo do tipo run-and-gun (uma variação do shoot-'em-up em que você corre e atira nos inimigos ao invés de usar uma nave, sendo Contra um dos exemplos mais conhecidos) feito pela já citada LucasArts, famosa pelos jogos adventure, e publicado pela Konami em 1993 para o SNES e para o Mega Drive.

Estamos lidando com um clássico cult, meus queridos. Então se preparem por que saber apreciar esse tipo de trabalho não é para poucos.

E aí, bora salvar aquele vizinho chato e que você não aguenta nem olhar pintado de ouro?


O jogo começa como um clássico filme de terror: monstros atacam! OH, O HORROR!

Tudo parte do plano do Dr. Tongue, que criou monstros nos porões do seu laboratório e resolveu soltá-los pelos súburbios e aterrorizar os habitantes. Só que esse crime não sairia impune, pois dois adolescentes descolados, Zeke e Julie, utilizaram todo o conhecimento que aprenderam com Kevin McCallister e se armaram de tudo que é jeito pra combater essa ameaça.

Por que todos sabemos que o melhor jeito de lidar com as forças do mal é colocar os futuros nas mãos de um moleque que usa óculos 3D.

Assim como muitos filmes B, o jogo não tem praticamente história nenhuma, ele chama atenção pela bizarrice e pelo visual muito loco. Mas poxa, com tantos monstros à solta, quem liga pra história? Queremos AÇÃO! VIOLÊNCIA! OUSADIA!!


Se tem uma coisa pela qual esse jogo preza, aparentemente, é a criatividade.

Ao contrário da maioria dos jogos de terror, que se passam em cenários soturnos e sinistros, como castelos e mansões mal-assombrados, ZAMN (por que siglas são o que há) se passa em diversos lugares, desde quintais até os desertos mais distantes. Claro que tem um castelo ou outro, afinal tem que ter tradição, mas nada substitui a sensação de caçar zumbis no supermercado.

Zeke e Julie são claramente baseados em adolescentes KEEEEEEEWL dos anos 90, afinal nada grita mais essa década do que cabelo arrepiado com gel, boné sem marca nenhuma e moleton meio aberto. Como vocês sabem, o estilo da década em questão era meio o que sobrou do dos anos 80, mas batido no liquidificador com herbalife e esse jogo demonstra isso claramente.

Os vizinhos são bem engraçados também, apesar dos tipos serem mais limitados. Você tem que salvar líderes de torcida, bebês, casais escrotos e até arqueólogos, o que faz pensar como deveria ser agradável aquelas reuniões de vizinhança.

Os monstros jã são um show a parte. Aí que você vê a influência dos filmes, pois os inimigos não se limitam apenas aos zumbis do título, eles incluem monstros do espaço, lobisomens, múmias e bebês gigantes, uma das principais razões desse jogo ainda ser lembrado.

A trilha sonora consiste em batidas bem hips e bem envolventes e típicas dos anos 90 (comecei a notar um padrão aqui), dando cada cenário sua identidade, o que, consequentemente, dá muita identidade ao jogo,

Apesar dessas minhas referências aos anos 90, uma das coisas mais legais desse jogo é justamente essa identidade visual diferenciada. Ele não é uma gracinha, mas ainda é atraente pras mentes mais incautas, apesar dos detalhes mais sinistros.


Como um verdadeiro bom jogo, o jogo brilha pela sua simplicidade interessante.

O seu principal objetivo aqui é salvar todos os pobres transeuntes das monstruosidades lançadas pelo Dr. Tongue. Você enfrentará zumbis, lobisomens, múmias, cópias do Jason, plantas alienígenas, insetos e bebês gigantes, além de outras criaturas. Claro que você tem que ser ágil, pois eles podem ser mortos pelos monstros e você perde pontos por não resgatar todas as vítimas.

Para você encarar essas ameaças, você contará com um arsenal de deixar McGuyver morrendo de inveja. Seu equipamento básico é uma pistola d'água, mas cujo conteúdo é desconhecido (ou monstros podem ser simplesmente solúveis) e você precisa de munição pra isso. Ao longo do jogo, você também pode se armar de bazucas, talheres, granadas de refri e até tomates explosivos. Assim como a pistola, você precisa de munição pra tudo isso. E se você for esperto, pode associar cada arma a um monstro, pois alguns são mais fracos contra um certo tipo de arma.

Além da arma principal, você possui itens auxiliares como kits de primeiros-socorros, fórmulas especiais com os mais diversos tipos de efeitos e chaves pra abrir certas portas e palhaços infláveis para chamar a atenção dos monstros para um lugar só e matar todos de uma vez.

Cada fase acaba quando você resgatar todo mundo. Caso alguém morra, ela acaba quando você resgatar o último sobrevivente. O jogo tem 55 fases, o que pra mim é um pouco excessivo, pra mim 30 já tava bom, e você ganha uma senha após um certo número de fases, pra não perder seu progresso.


ZAMN é um jogo diferenciado em todos os sentidos. É um clássico, muito divertido, bem capaz de agradar membros de todos os públicos e recomendadíssimo da minha parte. E quem sabe, se vocês se animarem, podem começar a entrar nesse mundo dos filmes B, com uma média menor que 5 no IMDB.

E pra semana que vem: não importa o que você faça, você nunca vai esquecer o tema do show que foi adaptado nesse jogo.

Por hoje é só, pessoal!

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