Todos amam The Legend of Zelda.
E também, o que tem pra não amar? Jogabilidade simples porém divertida, história cativante, gráficos sempre primorosos para sua época, revolucionários até. Mas como toda a boa franquia, sempre tem a ovelha negra, aquele jogo que divide opiniões e causa a discórdia entre os fãs.
Zelda II - The Adventure of Link foi lançado em 1987, menos de um ano depois do primeiro LoZ, para o Famicom Disk System no Japão. Como já falei antes, Famicom é a versão japonesa (e original) do NES e ele tinha esse acessório, o Disk System que permitia disquetes com jogos ao invés dos tradicionais cartuchos. Tanto esse quanto o primeiro Zelda foram lançados e depois adaptados para cartuchos normais quando vieram para a América, com certas alterações.
Entretanto, essas alterações não são as responsáveis pela polêmica do jogo. Ela vem do fato dele ser totalmente diferente do seu predecessor, como se um não tivesse a ver com o outro.
O quão grande é essa diferença? Vem comigo que eu te conto.
O jogo se passa anos depois do primeiro LoZ. Link já é um jovem de 16 anos e descobre que ele é destinado a libertar a princesa Zelda (não a do primeiro jogo, a que deu o nome à "Lenda de Zelda") de seu sono profundo. Para isso, ele precisa despertar o poder da Triforce, então ele parte em um jornada para explorar os templos de Hyrule, posicionar os cristais místicos em seus respectivos templos e acordar o fragmento da Coragem.
Pra quem ficou curioso com a Lenda de Zelda: anos atrás, o irmão da princesa tentou forçá-la a revelar os segredos sobre o lendário tesouro dourado de Hyrule (a Triforce) mas ela se recusou a falar qualquer coisa. O amigo feiticeiro do príncipe, possuído pela raiva, atacou-a com um feitiço e a pôs nessa maldição do sono profundo, mas como não podia controlar esse poder, o mago acabou morto por ele. O príncipe, cheio de arrependimento, guardou o corpo da irmã em segurança nas torres do castelo, na esperança dela ser despertada, e decretou que toda princesa da família real deveria receber o nome de Zelda, para que essa tragédia nunca fosse esquecida.
É daí que vem o nome do jogo, além de ser a razão de tantas princesas se chamarem Zelda, assim como todos os heróis se chamarem Link, devido à lenda do Herói do Tempo (mas essa história eu conto outro dia).
Vale a pena dizer que essa é a única sequência direta do primeiro jogo. O jogo seguinte, A Link To The Past, serve mais como prequência (prequel, praqueles que não pegaram a tradução), enquanto que o resto da franquia são linhas do tempo paralelas e divergentes de Ocarina of Time, o que só foi esclarecido depois de 25 anos.
Japoneses são realmente pacientes mesmo.
Assim como seu antecessor, Zelda II é um primor gráfico.
Como eu falei antes, a versão japonesa do jogo foi feita pra um disquete, que é mais potente que o cartucho. Entretanto, aquele acessório que mencionei, o Disk System, nunca foi lançado no Ocidente.
Os japoneses sempre ficavam com as coisas mais legais.
Logo, o jogo teve que ser convertido pra cartucho, com uma bateria extra que permitia você a salvar sem precisar de senhas (assim como o primeiro jogo). E, apesar do NES não ser tão potente quanto o Master System, como já falei semana passada, creio que essa conversão gráfica funcionou bem,
No visual externo, o jogo conseguiu mandar bem, não importa o ponto de vista. Na parte do overworld, admito que o jogo parece com praticamente com qualquer outro RPG, mas quando você entra nas cidades e templos, o ponto de vista é como de um side-scroller normal, só que o Link está gigante se comparado a outros protagonistas de side-scrollers. As cavernas parecem como as de Super Mario, mas os templos acabam lembrando um pouco o seu antecessor. Assim como os de LoZ, recomendo fortemente que você busque por mapas na net pra você não se perder e maximar o sucesso da sua exploração.
A trilha sonora é de qualidade inegável, mas isso já não é surpresa. O tema do overworld foi levemente alterado pela primeira vez, mas até onde eu saiba, essa versão não foi usada novamente. Aliás, esse jogo ofereceu diversas músicas novas pra série, e são todas muito boas.
Ok, agora vamos à parte polêmica, à que divide opiniões, creio eu. A mecânica do jogo.
Como vocês já devem ter percebido, quando falamos em sequências, principalmente de jogos tão aclamados. é inevitável fazer comparações. Mas no caso da jogabilidade, não há praticamente semelhança nenhuma. Só que você dá hits de curto alcanço com sua espada e que, quando sua barra de vida está cheia, você tem esse tirinho a longa distância, além de itens especiais permanentes.
A principal diferença aqui é que Zelda II se comporta muito mais que um RPG tradicional. Há um sistema de níveis aqui e pra você ganhar níveis, você precisa de pontos de experiência, obtidos ao derrotar monstros. Você os encontra em áreas específicas do jogo. Você sai do overworld pra uma visão lateral e então tem que sentar a porrada neles, e isso pode acontecer nos palácios, cavernas e quando você encontra um ícone de monstro no overworld.
Além dos ataques físicos, você também pode usar magias, como um típico RPG. Foi o primeiro jogo da série a permitir isso. Você consegue magias com certas sidequests, o típico "leva o item pra cá, fala com o cara lá". Essas magias são muito úteis principalmente contra os chefes dos palácios, aonde você também pode encontrar itens que podem ser usados o tempo todo, seja no overworld, seja nas cavernas e palácios.
Acho que o que realmente afasta as pessoas desse jogo é a dificuldade.
Pra começar, sempre que você perde todas as vidas ou liga o save depois de desligar o jogo, seus pontos de experiência são zerados, você recomeça no nível do último save mas tem que fazer todo o trabalho de juntar XP de novo. Alguns inimigos também são bem difíceis e demoram muito a morrer (o melhor exemplo disso sendo o Bubble). Os chefes são mais questão de estratégia, exceto o chefe final, Dark Link. Considerado por muitos a batalha mais difícil de toda a franquia, só sendo mito mesmo pra conseguir vencê-lo.
Meu veredito final: é um ótimo jogo. Apesar da dificuldade e do chefe final impossível de se vencer, não achei todas essas mudanças necessariamente ruins. Já é clássico da Nintendo sempre estar tentando se renovar. Não que o retorno ao básico do jogo seguinte me incomoda, muito pelo contrário, mas não é só por que uma sequência é diferente quer dizer que ela é ruim. Zelda II não é melhor que o primeiro, mas não é um desastre colossal.
Poderia ser pior. Poderia ser que nem Final Fantasy II.
E pra semana que vem: pena que o protagonista realmente não se parece com o Dwayne Johnsson.
Por hoje é só, pessoal!
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